27 de outubro de 2009

A Cidade e as Serras - Eça de Queiros

Impressões sobre a obra, os personagens e o ambiente
por Angélica

O romance de Eça de Queirós, “A Cidade e as Serras”, traz para nos leitores, um panorama crítico da cultura e dos programas sociais e politicos da época. Ele ironiza a cidade, a civilização e faz elogios aos valores da natureza.
José Fernandes é o narrador-personagem em 1º pessoa e amigo do Jacinto de Tormes.
Ele tem uma admiração muito grande por Jacinto e se coloca menos importante que o protagonista :
“(..) Três meses e três dias depois do seu enterro o meu Jacinto nasceu”. Pág. 16
“(...) e, mais para sondar o meu Príncipe do que por persuasão, (...)” – Pág. 42
“(..) E eu (miserável Zé Fernandes!) (...)” – Pág. 75
Jacinto e José Fernandes se encontraram em Paris, nas escolas do Bairro Latino.
Jacinto é filho de uma família de fidalgos portugueses, mas nascido e criado em Paris. Aprendeu tudo facilmente, letras, tabuada e latim. Também tinha uma grande adoração pela cidade e uma opinião muito forte sobre o que é um homem civilizado.
Para ele, “(..) o homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado – Pág. 18
“(...) a idéia de Civilização, para Jacinto, não se separava da imagem de Cidade, de uma enorme cidade, com todos os seus vastos órgãos funcionando poderosamente.” – Pág. 20
Para Jacinto, a idéia de viver na cidade com tecnologia o fazia sentir superior e ser pensante que o separa dos bichos. Essa parte é descrita quando Jacinto comenta sobre o fonógrafo. Pág. 21
Ele tinha uma vida muito ativa na sociedade e dava muitos almoços em sua casa, mas com o tempo ele foi se aborrecendo: “(..) Era fartura! O meu Príncipe sentia abafadamente a fartura de Paris; e na cidade, fora de cuja vida culta e forte, o home do século XIX nunca poderia saborear plenamente a “delícia de viver’, ele não encontrava agora forma de vida espiritual ou socila, que o interessava, lhe valesse o esforço de uma corrida curta numa tipóia fácil”. –Pág. 80
Jacinto, um homem que se orgulhava em viver na cidade sempre a favor do progresso troca tudo por viver no mundo natural e seu amigo José Fernades o ajuda.
José Fernandes, era de Guiães, amava a natureza e tinha um certo “pavor” da cidade.
Quando ele retornou a Paris, ele levou um tempo para se acostumar com a vida social que o Jacinto levava.
É interessante ver a análise feita por José Fernandes sobre a cidade: “E, mais para sondar o meu Príncipe do que por persuasão, insisti na fealdade e tristeza destes prédios, duros armazéns, cujos andares são prateleiras onde se apinha a humanidade! E uma humanidade impiedosamente catalogada e arrumada! “- Pág. 42
Este romance é escrito cheio de detalhes, o que faz nos leitores, a conseguir imaginar toda a cena, como por exemplo é descrito a parte onde José Fernandes reconhece Jacinto depois de 7 anos: “Era de novo fevereiro, e um fim de tarde arrepiado e cincento, quando eu desci os Campos Elísios em demanda do 202. Adiante de mim caminhava, levemente curvado, um homem que, desde as botas rebrilhantes até às abas recurvas do chapéu donde fugiram anéis de um cabelo crespo, ressumava elegância e a familiaridade das coisa finas. Nas mãos, cruzadas atrás das costas, calçadas de anta branca, sustentava uma bengala grossa com castão de cristal. E só quano ele parou ao portão do 202 reconheci o nariz afilado, os fios do bigode corredios e sedodos. “- Pág. 27
Há também uma parte engraçada onde o Grão Duque Casimiro traz um peixe raro para o jantar e por uma série de problemas que acontecem na casa de Jacinto, o peixe que ora está na bandeja assado acaba por ser “pescado novamente” no elevador.

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